Negros têm quase 4 vezes mais chances de serem mortos pela polícia do que brancos, mostra Anuário de Segurança Pública
Dados de 2023 mostram que 82,7% das vítimas de policiais são pretos ou pardos. O perfil das vítimas é majoritariamente masculino e jovem.
- Categoria: Geral
- Publicação: 18/07/2024 11:14
- Autor: G1
As pessoas negras do Brasil estão 3,8 vezes mais propensas a morrer em uma intervenção policial do que pessoas brancas, revela o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (18).
De acordo com o documento, foram 6.393 mortes por intervenções policiais em 2023, uma taxa de 3,1 por 100 mil habitantes. Uma queda em relação a 2022, quando foram registradas 3,2 mortes por 100 mil habitantes.
🚨 O número representa uma queda de 0,9% em relação a 2022. No entanto, quando comparado com 2013, há um crescimento de 188,9%.
Assim como em anos anteriores, ficou demonstrado que as vítimas dessas intervenções foram predominantemente os negros, grupo que soma pretos e pardos. Essa parcela da população compõe 82,7% desse conjunto de vitimados. Em 2022, eram 83,1%.A taxa de mortalidade dos negros, quando comparada à dos brancos, é substancialmente maior: 3,5 de pessoas negras contra 0,9 de pessoas brancas.
Mortes violentas pela polícia em 2023 — Foto: Arte/g1
Cidades com mais mortes pela polícia
Entre as cinco cidades onde a polícia mais mata, duas delas ficam na Bahia. Veja a lista:
Cidades com maior letalidade policial
| Posição | Cidade | Mortes por 100 mil |
| 1º | Jequié (BA) | 46,6 |
| 2º | Angra dos Reis (RJ) | 42,4 |
| 3º | Macapá (AP) | 29,1 |
| 4º | Eunápolis (BA) | 29 |
| 5º | Itabaiana (SE) | 28 |
A partir da análise de boletins de ocorrência, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública calculou a proporção da letalidade policial no total da taxa de mortes desses municípios, e produziu dados inéditos que calculam o quanto das mortes violentas ocorrem pelas mãos da polícia. Nesse recorte, a liderança fica com Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Letalidade policial no total de mortes violentas no município:
Letalidade policial por cidade
| Angra dos Reis (RJ) | 63,4% |
| Itabaiana (SE) | 63% |
| Jequié (BA) | 55,3% |
| Lagarto (SE) | 54,3% |
Os policiais negros são também os que mais morrem, segundo o levantamento. Veja o perfil:
Policiais mortos em 2023
| 69,7% | são negros |
| 51,5% | têm entre 35 e 49 anos |
| 96% | são do sexo masculino |
| 57% | morreram fora do horário de serviço |
| 127 (⬇️18,1%) | foram assassinados |
| 118 (⬆️26,2%) | cometeram suicídio |
| 57% | morreram fora do horário de serviço |
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que estados como Bahia e Amapá lideram as taxas de mortes violentas e também de letalidade policial. Segundo ela, isso mostra que há uma correlação entre altos índices de criminalidade e violência por parte da polícia.
"É muito evidente que a própria polícia está produzindo um nível de violência que é uma opção, que eles entendem aparentemente como legítima para controlar o crime. Se metade das mortes foi a própria polícia que produziu, tem alguma coisa errada num país em que não tem pena de morte",
Homicídios caem, violência contra mulher sobe
O Anuário indica que o Brasil registrou queda de 3,4% em mortes violentas intencionais em 2023, mas segue em patamar quase quatro vezes maior em comparação com a taxa mundial de homicídios.
As mortes violentas intencionais levam em conta os crimes de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e feminicídio. Entram ainda nas estatísticas os dados envolvendo a atuação policial, tanto a letalidade (quando as polícias matam), quanto a mortalidade (quando agentes de segurança pública são mortos).
O estudo também mostra que cresceram todos os tipos de violência contra as mulheres.
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