'Não deixaram chegar perto', diz mãe de jovem morto após perseguição em Hortolândia
Moto em que Wesley Henrique dos Santos Silva estava colidiu com viatura da PM no sábado. Polícia diz que ele fugiu de abordagem, mas família contesta versão e relata volta do trabalho.
- Categoria: Geral
- Publicação: 31/07/2023 21:02
- Autor: Por EPTV 1
"Eu não
pude ver meu filho no chão, não deixaram eu chegar perto. O IML [Instituto
Médico Legal] não deixou chegar perto. Nenhum lugar que fui deixaram chegar
perto, nem para reconhecimento do corpo". O relato de Vanessa Barbosa dos
Santos, sob comoção, descreve o que ela passou logo após a morte do filho
Wesley, de 22 anos, atingido por uma viatura da Polícia Militar em Hortolândia.
A batida
ocorreu na noite de sábado (29) durante uma perseguição. No boletim de
ocorrência, os policiais relatam que o jovem dirigia de forma perigosa,
acelerando e ultrapassando semáforos fechados, na região do Jardim Amanda. A
família, porém, contesta a versão policial e diz que ele foi confundido - veja
abaixo detalhes. O caso é apurado em procedimento da Ouvidoria da PM.
A versão da PM:
Os policiais
disseram que deram sinal de parada na Avenida Santana, mas o jovem não teria
obedecido e inclusive admitiram ter perdido a motocicleta de vista na
sequência. Nesse momento, eles pediram apoio de outras viaturas que estavam nas
proximidades para iniciar a perseguição ao condutor.
Depois disso,
segundo o boletim, já no bairro Jardim Boa Esperança, os policiais contaram que
viram o jovem entrar com a motocicleta na contramão da Rua Francisca Fátima de
Oliveira para fugir. Nesse momento teria ocorrido o acidente, uma batida
frontal entre uma outra viatura e a moto do rapaz.
O jovem
trabalhava como servente de pedreiro, caiu da moto e na sequência bateu a
cabeça na guia da calçada. O Samu foi acionado, mas Wesley não resistiu aos
ferimentos e morreu no local.
Família
contesta e alega confusão:
A família de
Wesley conversou com a reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, e contestou a
versão dada pelos policiais. Os familiares afirmaram que ele foi confundido com
criminosos em fuga, já que estava voltando do trabalho.
"A polícia
está falando que o meu filho colidiu com a viatura, mas o meu filho estava
descendo a rua e a polícia veio com tudo e jogou o meu filho. Tem testemunhas
que moram lá na frente, tem câmeras dos dois lados", ressaltou Vanessa.
Ela também
relatou que outros motociclistas fugiam da polícia nas proximidades e que ele
foi confundido. "Eu quero entender, será que vai ter Justiça?",
questionou. "Ele era um menino trabalhador, carinhoso, atencioso",
lamentou.
A tia do jovem,
Cristiane Barbosa, também reforçou a tese de que houve confusão e que não teria
sido acidente. "Atropelaram ele, jogaram o carro em cima dele. Não
deixaram ninguém chegar perto".
O caso foi
registrado na Delegacia de Plantão de Hortolândia como homicídio culposo na
direção de veículo automotor e colisão. O corpo do jovem foi encaminhado ao
Instituto Médico Legal (IML) para exame necroscópico, e a Polícia Civil
requisitou exames periciais ao Instituto de Criminalística (IC).
O que dizem a SSP e a PM?
Em nota, a
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) reiterou a versão dos
policiais em boletim de ocorrência e mencionou que a perseguição ocorreu após
os PMs terem observado o jovem supostamente em alta velocidade e desrespeitando
o sinal vermelho do semáforo.
"Em dado
momento, durante a fuga, o jovem invadiu a contramão e colidiu de frente com
uma viatura de apoio. O resgate foi acionado e o óbito do rapaz foi constatado
no local", informa trecho.
A assessoria da
PM não se manifestou sobre o assunto até esta publicação.