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Cobrado pela família, Tarcísio lamenta morte de estudante de medicina por PM e diz que abusos 'serão severamente punidos'

  • Categoria: Geral
  • Publicação: 22/11/2024 09:41
  • Autor: G1

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em sua primeira manifestação pública após ser cobrado pela família do estudante de medicina morto por um policial militar, disse na noite de quinta-feira (21), em suas redes sociais, que "abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos".

Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi morto com um tiro à queima-roupa por um policial na madrugada de quarta-feira (20) em hotel na Zona Sul da capital paulista.

A morte foi registrada por uma câmera de segurança do estabelecimento. Os PMs Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, envolvidos na ocorrência, foram afastados de suas funções até o final das investigações. O policial que fez o disparo foi indiciado por homicídio. As imagens das câmeras corporais usadas pelos PMs serão analisadas.

A família do estudante tem feito diversas críticas à atuação da polícia no episódio.

"O que justifica matar um menino de 22 anos, caído, e que ainda está sem camiseta, que não tem onde ocultar uma arma? O que está acontecendo com a polícia brasileira", questinou a mãe, Silvia Mônica Cardenas Prado.

No dia da morte, o pai dele, Julio Cesar Acosta Navarro, contou que foi ignorado ao chegar ao local do crime. "Fui lá, tinham 15 policiais, quatro viaturas. Ninguém me dava explicação", afirmou.

Em seu post, o governador escreveu ainda que "essa não é a conduta que a polícia do Estado de São Paulo deve ter com nenhum cidadão, sob nenhuma circunstância". Ele acrescentou que "a Polícia Militar é uma instituição de quase 200 anos, é uma polícia mais preparada do país e está nas ruas para proteger".

Dados do Ministério Público, porém, mostram que as mortes cometidas por policiais militares no estado de São Paulo aumentaram 46% até 17 de novembro deste ano em comparação a 2023.


Post do governador Tarcísio de Freitas sobre morte de estudante de medicina — Foto: Reprodução/Instagram

Post do governador Tarcísio de Freitas sobre morte de estudante de medicina — Foto: Reprodução/Instagram

O velório do estudante será na manhã desta sexta no Cemitério Gethsemani, no bairro do Morumbi. O enterro está previsto para a tarde.

'Falta de preparo'

Em entrevista à TV Globo, a mulher que estava com o estudante de medicina no hotel disse que a ação da PM demonstrou "falta de preparo" dos agentes: "Foi totalmente desqualificado". Ela afirmou ter medo de sofrer retaliações, por isso não será identificada nesta reportagem.

A mulher mantinha um relacionamento com Marco Aurélio havia dois anos: "Ele fazia parte da minha vida. Todo dia ele estava comigo". Ela contou que ficou escondida em um cômodo do hotel após ter discutido com o estudante e que "cada um ia para sua casa e amanhã a gente ia se ver de novo".

Mas o desfecho foi bem diferente. Marco Aurélio havia saído do hotel e retornou rápido. "Foi questão de um minuto para ele voltar com os policiais em cima dele. Encurralam ele ali. Eu não vi 100%, mas eu ouvi 100% de tudo", relatou.

"Do nada, eu ouvi um barulho de um tiro. O moço da recepção quis me deixar dentro do quarto, eu falei que não ia ficar, eu precisava sair de lá para chamar a família dele e tudo. Estavam os dois [policiais] armados e, se reparar, ele [Marco] entra, e o policial já está apontando a arma para ele. Desde lá de fora, eu não sei o que aconteceu lá fora, eu não sei se ele realmente deu esse soco."

E complementou: "Eles têm instrumentos de choque, eles têm algema, eles têm muitos meios, sabe? Então, para mim, ele [policial que atirou] foi totalmente desqualificado".