Sangramento no cérebro e fratura no crânio causados pela síndrome do bebê sacudido. — Foto: Wikemedia/Domínio Público
Um homem deve ser executado com uma injeção letal no Texas nesta quinta-feira (17), no primeiro caso relacionado à "síndrome do bebê sacudido" nos EUA.
A execução ocorre em meio a apelos de diferentes atores por clemência, como ONGs contra a pena de morte, um grupo bipartidário de políticos e até do detetive do caso.
Robert Roberson, diagnosticado com autismo, foi condenado pela morte da filha de 2 anos em 2002. Caso a execução aconteça, Roberson pode ser a primeira pessoa a ser executada nos EUA por uma condenação de assassinato ligada ao diagnóstico de "síndrome do bebê sacudido".
Entenda mais abaixo.
1. O que a síndrome do bebê sacudido?
A síndrome do bebê sacudido (ou SBS) acontece quando um bebê é sacudido de maneira brusca e repetida.
Esse movimento pode provocar lesões graves no cérebro e nos olhos, como hemorragias cerebrais e na retina, além de fraturas no crânio (veja imagem acima) e em ossos longos, como os braços e as pernas.
Isso acontece porque a cabeça do bebê é maior em proporção ao corpo e seus vasos sanguíneos são frágeis, o que torna o cérebro e os olhos mais vulneráveis a esse tipo de trauma.
Dessa forma, a síndrome pode causar danos permanentes, como problemas de visão, dificuldades no desenvolvimento e, em alguns casos, levar à morte.
Em geral, a síndrome acomete bebês com menos de um ano, e principalmente aqueles com menos de seis meses de vida.
2. Causas
Tecnicamente, a síndrome é conhecida como trauma craniano abusivo (AHT, na sigla em inglês).
Ela é mais comum em bebês pequenos, pois eles costumam chorar mais, o que pode frustrar cuidadores e levá-los a agir de forma agressiva.
Outros fatores de risco incluem a falta de experiência com crianças, dificuldades financeiras e problemas de saúde mental dos pais.
Agora, conforme explica o NHS, o serviço de saúde britânico, lesões por balançar um bebê não acontecem de forma acidental durante brincadeiras normais.
Esses momentos de afeto são inclusive fundamentais para o desenvolvimento emocional e social da criança.
3. Sintomas
Os principais sintomas e sinais de alerta para os pais e responsáveis são os seguintes:
- Um choro constante ou uma irritação extrema
- Dificuldade para se manter acordado
- Problemas ao respirar
- Falta de vontade de se alimentar
- Náuseas ou vômitos
- Pele pálida ou com tom azulado
- Convulsões
- Paralisia
É preciso ficar atento pois mesmo nos casos mais leves, a criança pode aparentar estar bem, mas com o tempo, podem surgir problemas.
4. Diagnóstico
O Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame dos EUA (NINDS, na sigla em inglês) explica que médicos costumam utilizar exames de imagem, como uma ressonância magnética ou tomografia computadorizada, para diagnosticar a condição.
Além disso, eles examinam a criança por completo, coletam informações sobre seu histórico médico e solicitam testes para identificar as possíveis lesões.
Um exame esquelético também pode revelar fraturas acidentais ou intencionais através de raios-X.
Fora isso, um exame ocular também é importante nesses casos, pois ele pode detectar sangramentos ou lesões nos olhos de bebê.
Já testes de sangue ajudam a descartar condições que podem ter sintomas semelhantes à síndrome do bebê sacudido, e dependendo da gravidade das lesões, o bebê pode ser monitorado em uma unidade de terapia intensiva pediátrica para cuidados adequados.
5. Tratamento
De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP), as hemorragias na retina costumam se resolver sozinhas.
Contudo, uma hemorragia vítrea, que é um sangramento no gel que preenche o olho do bebe, pode durar mais e afetar a visão, podendo até causar ambliopia, condição conhecida como “olho preguiçoso”. Nesses casos, pode ser necessário realizar uma cirurgia.
O procedimento também é indicado em casos mais graves, como cirurgias para controlar sangramentos internos ou no cérebro.