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Dados oficiais do Inpe sobre qualidade do ar são 'ignorados' em ações contra efeitos da crise das queimadas

Satélites do Inpe produzem diariamente dados de referência que não vêm sendo solicitados pelo governo. Laboratório de análise da qualidade do ar do instituto existe desde 2003 e custa aos cofres públicos cerca de R$ 1,5 mil ao dia para a análise.
  • Categoria: Geral
  • Publicação: 24/09/2024 10:35
  • Autor: G1

A crise das queimadas colocou em debate a medição da qualidade do ar no Brasil. Dados do Ministério da Saúde indicam que, entre 2019 e 2021, mais de 300 mil pessoas morreram por doenças respiratórias causadas por fumaça e poluição.

🚨 E apesar do país usar satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para monitorar a qualidade do ar há mais de 20 anos, pesquisadores afirmam que o governo federal não solicitou essas análises durante a crise.

A poluição e fuligem no ar são como um “inimigo invisível”que causa problemas respiratórios graves, principalmente entre crianças e idosos. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem um padrão para definir quando as pessoas devem evitar exposição. É com base nisso que os governos tomam decisões, como suspender atividades ao ar livre, até as aulas.O governo federal oferece dois principais sistemas:

  1. ➡️ Um deles é o MonitorAr, que possui poucas estações, obrigando quem vive no Amazonas, por exemplo, a consultar como referência dados de qualidade do ar do Pará.
  2. ➡️ O outro é o Vigiar, que divulga anualmente relatórios sobre focos de calor e qualidade do ar em todo o país com base nos dados do Serviço de Monitoramento da Atmosfera do Copernicus (CAMS) que, porém, não são em tempo real (base mais recente é de 2023).

Mas isso não acontece por falta de dados: existe um monitoramento oficial feito pelo Inpe, que também acompanha as queimadas e o desmatamento. O laboratório de análise da qualidade do ar do instituto existe desde 2003 e custa aos cofres públicos cerca de R$ 1,5 mil ao dia para a análise, mas ele não vem sendo usado pelo governo federal, segundo fontes do próprio instituto ouvidas pelo g1.

Enquanto os dados oficiais ficam invisíveis, nas últimas semanas as redes sociais foram tomadas por números de uma empresa suíça que vende monitores de qualidade do ar, a IQAir, que colocou São Paulo como a cidade com o pior ar do mundo – o que é impossível de afirmar, segundo especialistas.

Abaixo, nesta reportagem o g1 revela os bastidores do monitoramento do ar no Brasil, expondo falhas que ainda colocam nossa saúde em risco, e explica por queporque o país não utiliza seu melhor banco de informações sobre o assunto.