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Sem prazo, novas doses da vacina contra mpox são esperadas no Brasil; governo avalia público-alvo

Em entrevista exclusiva ao g1, a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, disse que os imunizantes já estão reservados para o país e chegarão 'em breve'. OPAS afirmou que está em negociação com farmacêutica para a compra de 25 mil doses.
  • Categoria: Geral
  • Publicação: 23/08/2024 10:08
  • Autor: G1

Ainda sem prazo de chegada definido, as novas doses da vacina contra mpox em negociação pelo Ministério da Saúde são esperadas "em breve", afirmou a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel

Em uma entrevista exclusiva ao g1, ela disse que as negociações para a aquisição da vacina da Bavarian Nordic - a mesma enviada aos estados em 2023 - já estavam em andamento antes mesmo do decreto de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), que definiu o mais alto nível de alerta para a mpox na última semana.

"Não posso fornecer uma data exata para a chegada das doses, uma vez que isso não depende mais do Ministério da Saúde. Mas a fase mais complexa, que envolveu a obtenção da autorização especial para a importação da vacina, já foi concluída", afirmou a secretária."A expectativa é de que as doses sejam recebidas em breve, embora isso ainda dependa do Fundo Rotatório da OPAS", acrescentou.

A OPAS é a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o seu Fundo Rotatório é um mecanismo de cooperação técnica destinado a facilitar o acesso dos países das Américas a medicamentos que incluem vacinas, seringas, equipamentos e outros insumos.

Ao g1, a a agência internacional disse que, no momento, está em negociação junto à Bavarian Nordic para a compra de 25 mil doses de vacina. Já a Bavarian Nordic disse que não pode comentar sobre as negociações em andamento (veja a íntegra das notas ao final do texto).

"O acordo foi fechado; agora, restam apenas os detalhes finais e o envio", completou Ethel.

Ainda segundo a secretária, após a chegada e o embarque das doses, será realizada uma reunião do Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) do ministério, seguindo a orientação da ministra da Saúde, para avaliar se a estratégia de vacinação precisa ser ajustada com base na situação global.

O Brasil, que tem um risco baixo para o atual surto, começou a campanha de imunização em março de 2023, inicialmente focada em:

  • pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA), profissionais de laboratórios que atuam em locais de exposição ao vírus, além de pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas.

Em junho do mesmo ano, uma nota técnica da pasta ampliou o programa para usuários da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), permitindo que, em casos de vacinas disponíveis na rede estadual ou municipal sem uso para PVHA, elas fossem aplicadas em pacientes que usam a PrEP.

"A partir da discussão dentro da nossa câmara técnica a gente vai ver se a estratégia tem que ser repensada, também avaliando o que tá acontecendo em outras partes do mundo", pontuou a secretária.

Contudo, para Rico Vasconcelos, médico infectologista do Hospital das Clínicas da USP e do Núcleo de Medicina Afetiva (NuMA), embora a adição dessas doses seja positiva, o número ainda é considerado insuficiente considerando o surto contínuo da doença desde 2022 e o número de pessoas que precisariam ser vacinadas.

"No Brasil, com cerca de 1 milhão de pessoas vivendo com HIV e 100 mil em uso de PrEP, 25 mil doses cobrem apenas uma pequena parte das necessidades", avalia.