Notícias

'Barulho da chuva é gatilho para dor': jornalista relata vida em uma Porto Alegre colapsada por enchentes

Kelly Matos, apresentadora e repórter da Rádio Gaúcha, também contou sobre a sensação 'de que o pior ainda está por vir', já que as chuvas não cessaram e a água ainda não baixou.
  • Categoria: Geral
  • Publicação: 08/05/2024 09:57
  • Autor: G1

"Eu me lembro que eu fechei o olho e deitei e começou aquele 'xiiiiiiiiiiiiiiiii' [barulho da chuva] de novo, e eu falei 'não, meu Deus, meu Deus, está chovendo de novo'. E aí com esse barulho da chuva, a gente começa a a ver uma cena e começa quase que um gatilho."

O relato acima é da jornalista Kelly Matos. A apresentadora e repórter da Rádio Gaúcha falou em entrevista ao podcast O Assunto desta quarta-feira (8) sobre a vida em uma Porto Alegre colapsada por causa das enchentes que assolam a cidade desde o fim de abril.

"Eu acho que é essa palavra: gatilho. Barulho da chuva é gatilho para mais um evento que vai nos causar dor."Kelly também contou sobre a sensação "de que o pior ainda está por vir", já que as chuvas não cessaram e a água ainda não baixou.

"A minha mãe disse 'a gente tem que estar preparado para o depois'. Agora a gente está no meio do furacão, que é muito triste e difícil, mas quando a gente for se deparar com com o pós, com o depois disso tudo, vai ser igualmente ou mais difícil ainda achar um caminho de resistência e de se reerguer do ponto de vista humano."

Algumas regiões do Rio Grande do Sul tiveram, entre 22 de abril e 6 de maio, chuva equivalente à média prevista para 5 meses. Os temporais já deixaram 95 mortos, 131 desaparecidos e 372 feridos. Mais de 207 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. Ao todo, 401 dos 497 municípios do estado enfrentaram algum problema relacionado às tempestades.Ela também relata o medo com a insegurança em um momento de vulnerabilidade total, já que há relatos de saques. Segundo ela, as pessoas estão trancando prédios com correntes e que o cenário é de tensão e desordem.

"Essa tensão se estabeleceu a tal ponto dos voluntários ficarem com medo de retirar os barcos, de colocar os seus barcos, até porque teve saque de barco. Você imagina o barco que estava indo salvar uma vida de uma mãe, de um pai, de um avô, de uma avó, ele foi saqueado."