Dois meses após fim da emergência sanitária da Covid, cientistas mantêm preparação para potenciais futuras epidemias
Com treinamentos teóricos e práticos, curso na Faculdade de Saúde Pública da USP reuniu mais de 100 pessoas de 29 países para lidar com os efeitos persistentes da Covid-19 e se preparar para reagir de forma adequada a possíveis novos surtos.
- Categoria: Geral
- Publicação: 22/07/2023 22:22
- Autor: G1 São Paulo
Imagine que rumores de uma doença nova tenha chegado a uma cidade de 500 mil habitantes, com 11 casos, incluindo três mortes, com sintomas respiratórios compatíveis com uma pneumonia, mas atípica para a época do ano. Em comum, todos os pacientes frequentam uma mesma igreja, no centro da cidade, perto de um terminal de ônibus. Ou seja, com potencial para essa infecção se espalhar por outros bairros, cidades e até países.
Pode parecer o início de um filme de terror parecido com o que ainda está fresco na memória. Mas, dois meses após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar o fim da emergência sanitária do novo coronavírus, enquanto a população retoma a vida normal, cientistas seguem mobilizados para garantir que as sociedades estejam preparadas, caso outro surto epidêmico venha a surgir.
É com simulações hipotéticas como essa que pesquisadores brasileiros treinaram em São Paulo, nas últimas duas semanas, mais de 100 epidemiologistas cientistas, médicos e profissionais de várias áreas do conhecimento de 29 países para se prepararem para potenciais emergências sanitárias.
Realizada na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), na Zona Oeste da capital, a Escola de Preparação para Enfrentamento de Epidemias foi organizada por pesquisadores e docentes de universidades de várias partes do Brasil e áreas como saúde pública, imunologia, física, virologia e ciência política.
Entre eles está Ester Sabino, imunologista e professora da USP que atuou na epidemia de HIV na década de 1980 e, em 2020, estava no grupo de cientistas que mapeou o genoma do novo coronavírus.
Em 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia do novo coronavírus, ela e os demais organizadores já haviam se unido em grupos interdisciplinares como o Observatório Covid-19 BR e a Rede de Pesquisa Solidária, para ajudar o poder público a entender e combater a disseminação do Sars-CoV-2.