Em Portugal, Lula volta a atacar juros: 'Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%'
Taxa está há oito meses em 13,75% ao ano, o maior percentual desde 2016; presidente do BC disse que 'economia não gira na Selic'
- Categoria: Geral
- Publicação: 24/04/2023 18:59
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta segunda-feira (24) o atual patamar da taxa básica de juros do Brasil, mantida em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado. Em encontro com empresários em Matosinhos, na região do Porto, em Portugal, o petista afirmou que a Selic está "muito alta". Lula vem fazendo reiteradas críticas à taxa de juros desde que assumiu o governo.
"Temos um problema no Brasil, primeiro-ministro, que Portugal não sei se tem. É que a nossa taxa de juros é muito alta. No Brasil, a taxa Selic, que é a taxa referencial, está em 13,75%. Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%, ninguém. Não existe dinheiro mais barato", criticou Lula ao se dirigir a António Costa, primeiro-ministro português, durante o evento em Matosinhos.
Durante a reunião, Lula afirmou que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro tem que circular "não apenas na mão de poucos, mas na mão de todos".
"É por isso que sempre digo que a solução do Brasil é a gente voltar a colocar o pobre no orçamento. É a gente garantir que os pobres possam participar, porque, quando eles virarem consumidores, eles vão comprar. Quando eles comprarem, o comércio vai vender. Quando o comércio vender, vai gerar emprego, vai comprar mais produto na fábrica. É a coisa mais normal de uma roda-gigante da economia funcionando e todo mundo participando", afirmou.
Na última sexta-feira (21), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a economia não gira em torno da taxa básica de juros da economia brasileira. A resposta foi dada durante o evento Lide Brazil Conference, em Londres, Inglaterra, a um empresário que havia afirmado que o elevado patamar da taxa de juros atrapalha o crescimento do país.
Campos Neto falou que só 20% do crédito é ligado à Selic, e o restante está relacionado a taxas longas. "Obviamente, o Banco Central quer diminuir o juro", disse.